A gente pode tentar ao máximo distraí-lo, cala-lo e até prende-lo mas não conseguimos por muito tempo. Chega uma hora que ele começa a gritar, a se debater e aí é impossível ignorar toda essa barulheira que ele faz questão de fazer, podemos tentar ouvir uma música alta, ver filmes, sair para beber com os amigos mas ele não vai parar até a gente resolver ouvir. Por que a gente não quer ouvir? Porque dói, porque ele resolve falar coisas que só ele vai dizer, coisas que só ele sabe e a gente não quer ficar ouvindo e lembrando, coisas que precisamos esquecer para andarmos sozinhos mas ele sempre está lá fazendo questão de nos lembrar.
Quem é ele? O coração. Aquele que discorda 100% do nosso cérebro, que deseja coisas sem sentido para a maioria das pessoas, que guarda memórias e vontades que a gente fez questão de esquecer. E a gente esquece (ou finge muito bem para o mundo e para nós mesmos que esquecemos) mas ele não, e quando a gente menos espera ele começa a gritar, nós resolvemos ouvir e aí o corpo toda lembra de tudo que guardamos no fundo do baú e aperta o coração, aperta porque ele deveria ter ficado quieto e fazer com que nós seguíssemos em frente sem essa dorzinha aparecer.
Essa é a natureza do coração, nos lembrar por bem ou mal de coisas que nos fizeram felizes ou tristes, por que? Porque é impossível crescer como pessoa sem aprender com os nossos erros e acertos, se ignorarmos tudo isso porque dói seremos somente pessoas vazias que fogem dos problemas para andar com um sorriso no rosto. Então, obrigada coração teimoso! Obrigada por em dias felizes me fazer chorar durante o banho, essas lágrimas me fazem lembrar o motivo da minha luta, o motivo de eu ser como sou e acreditar que o amor ainda está por aí.
